Três anos após a criação do Cadastro Nacional de Adoção, as crianças
negras ainda são preteridas por famílias que desejam adotar um filho. A
adoção inter-racial continua sendo um tabu: das 26 mil famílias que
aguardam na fila da adoção, mais de um terço aceita apenas crianças
brancas. Enquanto isso, as crianças negras (pretas e pardas) são mais da
metade das que estão aptas para serem adotadas e aguardam por uma
família.

Apesar das campanhas promovidas por entidades e governos sobre a necessidade de se ampliar o perfil da criança procurada, o supervisor da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, diz que houve pouco avanço. “O que verificamos no dia a dia é que as família continuam apresentando enorme resistência [à adoção de crianças negras]. A questão da cor ainda continua sendo um obstáculo de difícil desconstrução.”
Há cinco anos, a advogada Mirian Andrade Veloso se tornou mãe de
Camille, uma menina negra que hoje está com 7 anos. Mirian, que tem 38
anos, cabelos loiros e olhos claros, conta que na rotina das duas a cor
da pele é apenas um “detalhe”. Lembra-se apenas de um episódio em que a
menina foi questionada por uma pessoa se era mesmo filha de Mirian, em
função da diferença física entre as duas.
“Isso [o medo do preconceito] é um problema de quem ainda não adotou e
tem essa visão. Não existe problema real nessa questão, o problema está
no pré-conceito daquela situação que a gente não viveu. Essas
experiências podem existir, mas são muito pouco perto do bônus”, afirma a
advogada.
Hoje, Mirian e o marido têm a guarda de outra menina de 13 anos, irmã
de Camille, e desistiram da ideia de terem filhos biológicos. “É uma
pena as pessoas colocarem restrições para adotar uma criança porque quem
fica esperando para escolher está perdendo, deixando de ser feliz.”
Para Walter Gomes, é necessário um trabalho de sensibilização das
famílias para que aumente o número de adoções inter-raciais. “O racismo,
no nosso dia a dia, é verificado nos comportamentos, nas atitudes. No
contexto da adoção não tem como você lutar para que esse preconceito
seja dissolvido, se não for por meio da afirmatividade afetiva. No
universo do amor, não existe diferença, não existe cor. O amor, quando
existe de verdade nas relações, acaba por erradicar tudo que é contrário
à cidadania”, ressalta. Fonte: Com Informações da Agência Brasil

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