sábado, 25 de fevereiro de 2012

Eliardo Cabral diz que deixou local do acidente porque foi intimidado

O promotor lamentou o ocorrido: "Eu fiquei numa profunda tristeza"

O promotor de Justiça Eliardo Cabral se pronunciou neste sábado (25) sobre o acidente ocorrido na manhã do último domingo (19) na PI 113, que liga Teresina a José de Freitas. A colisão foi entre o Corolla de placa LVW 4112 Teresina - PI, que era conduzido pelo promotor, e uma moto de placa LWM 3623 - PI. Eliardo esclareceu as circunstâncias do acidente e negou ter omitido socorro ao condutor da moto, identificado como José A. Nascimento, 42 anos.

O motociclista sofreu duas fraturas expostas e teve que ser submetido a procedimento cirúrgico. Ele se encontra internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

O acidente aconteceu quando o promotor acabava de sair de um sítio, localizado naquela estrada, onde participava de um retiro espiritual - Eliardo é pastor evangélico. Ele contou que o carro estava praticamente parado, se movimentando lentamente para entrar na pista, no sentido de Teresina, quando foi surpreendido pelo motociclista, que se dirigia a José de Freitas. "Ele vinha rápido e bateu no canto direito do carro. Ele não freou nem desviou. Ele vinha numa velocidade que eu não tive como fazer nada", disse o promotor.

Segundo Eliardo, logo após o acidente, um amigo da vítima chegou ao local, em um Fiat Uno preto, portando uma arma de fogo e levantando a voz.

"Quando ele desceu do carro, veio visivelmente descontrolado. Partiu para o ataque. Me retirei, não por covardia, mas porque entendi que poderia causar uma tragédia. Não fugi para lugar nenhum. A placa ficou no chão. Eu ia fugir e deixar a placa lá? A lei recomenda que a pessoa envolvida em acidente não coloque em risco a integridade de sua própria vida. O cidadão estava muito exaltado", afirmou o promotor.

Cabral falou que quatro amigos seus presenciaram o acidente e que, antes de deixar o local, pediu que fizessem tudo o que fosse necessário para ajudar o motociclista. "Recomendei que comunicassem logo à Polícia Rodoviária. Também telefonaram para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ficaram presentes ali, dando toda assistência", ressaltou.

Eliardo contou que, logo depois, entrou em contato com a promotora de Justiça Clotildes Carvalho e pediu que ela intercedesse para que o rapaz fosse atendido prontamente. Ele acrescentou: "Nós estamos mantendo contato permanentemente com a família dele, ajudando com recursos para transporte, alimentação. Nós estamos fazendo tudo o que é possível, enquanto não sai o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre)". 

De acordo com Cabral, José A. Nascimento está recebendo todos os cuidados médicos necessários e não corre risco de ter a perna amputada.

Eliardo disse lamentar profundamente o ocorrido. "Eu nunca na minha vida tinha passado por nada nesse sentido: estando envolvido no acidente, ver uma pessoa com a perna quebrada bem na minha frente. Eu olhando para ele, e ele já se queixando da dor. Eu fiquei numa profunda tristeza", relatou.

Para o promotor, o que houve "foi uma fatalidade". "Podia ser meu filho em cima daquela moto. Eu e esse rapaz somos vítimas desse negócio. A irmã dele falou que ele não tem nenhum sentimento de revolta com relação à minha pessoa. Eu tenho por certo que ele sabe que eu não fugi", pontuou.
Também neste sábado, o Ministério Público do Estado do Piauí, a pedido do promotor, divulgou nota à imprensa, para expor a sua versão dos fatos.

Confira a nota:

NOTA INFORMATIVA

1. DOS FATOS

No dia 19 de fevereiro de 2012, às 10:30 horas, na estrada que liga Teresina-PI a José de Freitas-PI, o meu veículo Corola Placa LVW 4112, dirigido por mim foi colidido por uma motocicleta, pilotada pelo Sr. José A. Nascimento.
Quando do ocorrido, parei o carro e me dirigi ao motorista da moto para socorrê-lo e tomei as primeiras providências. No entanto, considerando o tumulto que se formou ao nosso redor, pedi aos meus amigos(José Edmir Girão Filho, Edécio Bona Soares, Luíz de Sousa Lima Júnior e o caseiro Henrique) que acompanhassem todo o processo e eu me retirei muito abalado para minha residência de onde acompanhei todo o caso, prestando toda a assistência e custeando as despesas que se fizeram necessárias.
O Sr. José A. Nascimento, graças ao Bom Deus, não sofreu graves fraturas, estando já em franco estado de recuperação.

2. DA SITUAÇÃO

Só tenho a lamentar imensamente ter me envolvido em um acidente em que a vida de um ser humano poderia ter sido ceifada. Não desejo ao meu pior inimigo que passe por esta situação, mas, infelizmente, passei a constar nas
estatísticas que envolvem acidentes com motocicleta em Teresina, nossa capital, que, recentemente, foi mencionada em pesquisa nacional, como a capital campeã de acidentes de trânsito com este tipo e veículo.
Sou pela Paz, em todas as situações da vida em sociedade, e, obviamente pela Paz no trânsito. O meu desejo é que todos os cidadãos das cidades piauienses se conscientizem dos riscos que estão envolvidos em um simples trajeto da casa para o trabalho, e dirijam com cuidado visando evitar acidentes e mortes.

3. DA REPERCUSSÃO

Lamento não ter me comunicado anteriormente com a imprensa, o que com certeza deu margens para as especulações em torno do caso, contudo, eu me encontrava bastante abalado com o acontecido, não estando em condições emocionais de falar com os jornalistas.
Lamento ainda que setores de nossa imprensa se alimentem do sensacionalismo e da especulação e não de fatos, mas tenho fé nos bons profissionais que honram o jornalismo piauiense e que estão comprometidos com a verdade.

Agradeço a atenção de todos!
Muito obrigado!
Teresina, 25 fev 2012

Fonte: O Dia

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