quarta-feira, 28 de março de 2012

Os limpos de coração verão a Deus

Mt. 5: 8. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”.

Prof. Kiko Fontenelle
      Existem muitas coisas que as pessoas gostariam de ver. Umas sonham em ver os filhos formados em bons cursos superiores, consequentemente, bem empregados, assentados na vida. Outros sonham em ver os filhos bem casados e com netos saudáveis, robustos e inteligentes e bem sucedidos. Turistas gostariam de ver o Grand Canyon; o deserto da patagônia; as águas quentes do Caribe; as montanhas geladas da Irlanda, enfim, ver algumas das grandes catedrais e belos castelos da Europa. Uns gostariam de ver as trilhas santas percorridas pelo mestre Jesus Cristo. Uns querem ver um mundo mais justo, cheio de paz e igualitário. Enfim, são muitos os desejos dos seres humanos com vistas a ver algo do seu grande interesse. Todavia, poucas são as pessoas de quem se tenha ouvido o desejo de ver a Deus. 
 
         A capacidade visual dos seres humanos é bastante variável, afinal nem os dedos das mãos são iguais. Tomé, diante da ressurreição de Cristo, foi tomado por um sentimento de ceticismo, mantendo-se incrédulo. Por conta disso, foi obrigado, além de ver com os olhos físicos, a tocar com seu dedo as feridas do mestre para acreditar no Cristo ressurreto. Jo 20: 27. Uns enxergam mais; outros, menos ainda. Uns vêem longe; outros, só de perto conseguem vislumbrar as imagens. As cataratas, o glaucoma, o daltonismo, o astigmatismo, a miopia, os olhos fracos, e as outras anomalias da vista ofuscam o poder da visão para muitos. Porém, mesmo doentes, há quem possa olhar para um ambiente poluído e ver em seus dejetos conteúdo suficiente para compor um poema, ainda que de tom crítico. Há pessoas totalmente deficientes visuais que conseguem ver, sentir e dizer o que muitos sãos não o fazem. Diante das aflições, dos sofrimentos humanos, das calamidades e das doenças por que passou, Jó viu, na paciência e na esperança, a hora em que Deus se levantaria para socorrer-lhe, quando falou “Porque sei que meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25). Quem escreveu o Salmo 46, mesmo em meio à angústia, viu a Deus como Fortaleza e socorro bem presente Sl 46.1. Há ainda quem consiga ver um projeto de estabelecimento de trabalho, paz, prosperidade, mas infelizmente há também os que não conseguem ver nada. O presidente Luiz Inácio Lula viu muitas pessoas com fome e conseguiu aplacar o desespero de seres famintos. Abraão viu a providência divina, quando teve seu filho perdido em holocausto (Gn 22: 5), quando disse “... ficai-vos aqui ... tornaremos a vós”. Davi viu em Deus a superação para seus erros, quando se arrependeu do que fez (II Sm 24:10).

       Em 1 Cor 2. 9, Paulo escreve “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. Ficam implícitos neste texto três tipos de visões.  Primeiro, a visão natural. Com ela, enxergamos os objetos, as paisagens, as pessoas, as letras dos livros que lemos, enfim o que há de concreto à nossa vista. Trata-se da visão física que só não tem os que são deficientes visuais por natureza. 

       Para entender um segundo tipo, numa sala de aula, um aluno assiste à aula de matemática, com atenção sobre a aplicação do Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo. O professor explica com exemplos práticos que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. No fim da demonstração, o discípulo pode dizer: entendi, mestre. Isso advém da visão mental.  

       Enfim, a visão da sensibilidade é como a verdade que penetra o coração humano. Essa é a terceira visão. Há quem olhe para as águas do mar e veja nelas a grandeza do Criador, sensibilizar-se a ponto de derramar lágrimas. Quem olha com os olhos da sensibilidade, além de ver com os olhos físicos, vê também com os da alma. 

       As escrituras mostram Jesus Cristo, olhando para a humanidade com as três visões. Há registros de quando ele olhou para pessoas feridas, cansadas e sobrecarregadas, “compadeceu-se delas”. Em Lucas 7:13, está escrito que Jesus Cristo moveu-se de “íntima compaixão” diante do filho morto da viúva. Dessa forma, Jesus viu-as com os olhos físicos, entendeu com a mente o que elas diziam sobre suas condições de miséria e ainda sensibilizou-se com aquela situação, deixando penetrar-se delas no coração humano.  Jesus foi capaz de vê-las com os olhos naturais, com a mente e com o coração. Numa comparação mais simples, o fato se assemelha a um mancebo que olha para sua amada. Ele a vê não unicamente com os olhos físicos, mas também com a mente e com o coração. 

       Enquanto seres humanos, é impossível ver a Deus com os olhos físicos. Todavia, podemos vê-Lo com os olhos da mente e com os do coração. “Bem-aventurado os puros de coração, porque eles verão a Deus” Mt. 5:8. A pureza de coração é alcançada com o novo nascimento, porque “as coisas velhas já passaram e eis que tudo se faz novo”. (2 Cor 5: 17). Todavia, é preciso dizer que nem todos os que viram Jesus Cristo com os físicos, viram-no também com os olhos da mente e com os do coração. Aos olhos naturais, Jesus Cristo é apenas um homem comum. Ante ao sofrimento de Cristo, a multidão que o prendeu, viu-O apenas com os olhos físicos. O próprio Jesus Cristo lamentou a visão da turba: “prendeste-me como a um salteador, com espadas e porretes. Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo” (Mt. 26:55). Era possível ver o mestre com os olhos físicos, mas também entender sua mensagem e deixá-la penetrar nos corações. Ouvir seus ensinamentos sem praticá-los é algo similar a dizer “eu ouvi, mas não os entendi”. Apenas o conhecimento teórico dos ensinamentos do reino de Deus e o conhecimento da vida do Mestre não são suficientes para vê-Lo. É preciso que olhemos para Deus com os olhos naturais, vê-Lo com os olhos da mente e com os do coração. Para ver a Deus, temos de experimentar a sua presença em nossos corações.    




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