Mt.
5: 8. “Bem-aventurados os limpos de
coração, porque eles verão a Deus”.
Prof. Kiko Fontenelle |
Existem muitas coisas que as pessoas
gostariam de ver. Umas sonham em ver os filhos formados em bons cursos
superiores, consequentemente, bem empregados, assentados na vida. Outros sonham
em ver os filhos bem casados e com netos saudáveis, robustos e inteligentes e
bem sucedidos. Turistas gostariam de ver o Grand Canyon; o deserto da
patagônia; as águas quentes do Caribe; as montanhas geladas da Irlanda, enfim,
ver algumas das grandes catedrais e belos castelos da Europa. Uns gostariam de
ver as trilhas santas percorridas pelo mestre Jesus Cristo. Uns querem ver um
mundo mais justo, cheio de paz e igualitário. Enfim, são muitos os desejos dos
seres humanos com vistas a ver algo do seu grande interesse. Todavia, poucas
são as pessoas de quem se tenha ouvido o desejo de ver a Deus.
A
capacidade visual dos seres humanos é bastante variável, afinal nem os dedos
das mãos são iguais. Tomé, diante da ressurreição de Cristo, foi tomado por um
sentimento de ceticismo, mantendo-se incrédulo. Por conta disso, foi obrigado,
além de ver com os olhos físicos, a tocar com seu dedo as feridas do mestre
para acreditar no Cristo ressurreto. Jo 20: 27. Uns enxergam mais; outros,
menos ainda. Uns vêem longe; outros, só de perto conseguem vislumbrar as
imagens. As cataratas, o glaucoma, o daltonismo, o astigmatismo, a miopia, os
olhos fracos, e as outras anomalias da vista ofuscam o poder da visão para
muitos. Porém, mesmo doentes, há quem possa olhar para um ambiente poluído e
ver em seus dejetos conteúdo suficiente para compor um poema, ainda que de tom
crítico. Há pessoas totalmente deficientes visuais que conseguem ver, sentir e
dizer o que muitos sãos não o fazem. Diante das aflições, dos sofrimentos
humanos, das calamidades e das doenças por que passou, Jó viu, na paciência e na
esperança, a hora em que Deus se levantaria para socorrer-lhe, quando falou “Porque sei que meu Redentor vive, e que por
fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25). Quem escreveu o Salmo 46, mesmo
em meio à angústia, viu a Deus como Fortaleza e socorro bem presente Sl 46.1. Há
ainda quem consiga ver um projeto de estabelecimento de trabalho, paz,
prosperidade, mas infelizmente há também os que não conseguem ver nada. O
presidente Luiz Inácio Lula viu muitas pessoas com fome e conseguiu aplacar o
desespero de seres famintos. Abraão viu a providência divina, quando teve seu
filho perdido em holocausto (Gn 22: 5), quando disse “... ficai-vos aqui ... tornaremos a vós”. Davi viu em Deus a
superação para seus erros, quando se arrependeu do que fez (II Sm 24:10).
Em
1 Cor 2. 9, Paulo escreve “nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam”. Ficam implícitos neste texto três
tipos de visões. Primeiro, a visão natural. Com ela, enxergamos os
objetos, as paisagens, as pessoas, as letras dos livros que lemos, enfim o que
há de concreto à nossa vista. Trata-se da visão física que só não tem os que
são deficientes visuais por natureza.
Para entender um segundo tipo, numa sala de
aula, um aluno assiste à aula de matemática, com atenção sobre a aplicação do Teorema
de Pitágoras no triângulo retângulo. O professor explica com exemplos práticos
que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. No fim
da demonstração, o discípulo pode dizer: entendi, mestre. Isso advém da visão mental.
Enfim, a visão da sensibilidade é como a verdade que penetra o coração
humano. Essa é a terceira visão. Há quem olhe para as águas do mar e veja nelas
a grandeza do Criador, sensibilizar-se a ponto de derramar lágrimas. Quem olha
com os olhos da sensibilidade, além de ver com os olhos físicos, vê também com
os da alma.
As
escrituras mostram Jesus Cristo, olhando para a humanidade com as três visões. Há
registros de quando ele olhou para pessoas feridas, cansadas e sobrecarregadas,
“compadeceu-se delas”. Em Lucas 7:13,
está escrito que Jesus Cristo moveu-se de “íntima
compaixão” diante do filho morto da viúva. Dessa forma, Jesus viu-as com os
olhos físicos, entendeu com a mente o que elas diziam sobre suas condições de
miséria e ainda sensibilizou-se com aquela situação, deixando penetrar-se delas no coração humano. Jesus foi capaz de vê-las com os olhos
naturais, com a mente e com o coração. Numa comparação mais simples, o fato se
assemelha a um mancebo que olha para sua amada. Ele a vê não unicamente com os
olhos físicos, mas também com a mente e com o coração.
Enquanto seres humanos, é impossível ver a
Deus com os olhos físicos. Todavia, podemos vê-Lo com os olhos da mente e com os
do coração. “Bem-aventurado os puros de
coração, porque eles verão a Deus” Mt. 5:8. A pureza de coração é alcançada
com o novo nascimento, porque “as coisas
velhas já passaram e eis que tudo se faz novo”. (2 Cor 5: 17). Todavia, é
preciso dizer que nem todos os que viram Jesus Cristo com os físicos, viram-no
também com os olhos da mente e com os do coração. Aos olhos naturais, Jesus
Cristo é apenas um homem comum. Ante ao sofrimento de Cristo, a multidão que o
prendeu, viu-O apenas com os olhos físicos. O próprio Jesus Cristo lamentou a
visão da turba: “prendeste-me como a um
salteador, com espadas e porretes. Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando
no templo” (Mt. 26:55). Era possível ver o mestre com os olhos físicos, mas
também entender sua mensagem e deixá-la penetrar nos corações. Ouvir seus
ensinamentos sem praticá-los é algo similar a dizer “eu ouvi, mas não os entendi”.
Apenas o conhecimento teórico dos ensinamentos do reino de Deus e o
conhecimento da vida do Mestre não são suficientes para vê-Lo. É preciso que
olhemos para Deus com os olhos naturais, vê-Lo com os olhos da mente e com os
do coração. Para ver a Deus, temos de experimentar a sua presença em nossos
corações.
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