O grupo composto por 70 estudantes fechou a Avenida Frei Serafim e o trânsito ficou lento
Pelo menos oito estudantes foram detidos e cerca de 20 ficaram
feridos durante a manifestação contra o aumento, que aconteceu na Avenida
Frei Serafim na tarde desta terça-feira, dia 3. De acordo com os
manifestantes, outros oito foram atingidos por balas de borracha. Os
manifestantes acusam a tropa de choque das Rondas Ostensivas de Natureza
Especial (Rone) de agredir estudantes e jogar spray de pimenta.
O confronto entre estudantes e Rone iniciou durante uma tentativa
frustrada de negociação para o desbloqueio de uma das vias da Avenida
Frei Serafim. "Estávamos conversando com um policial quando a tropa de
choque chegou lançando spray de pimenta. Começaram os disparos de tiros
de borracha e a correria começou", contou Weveton Acelino, de 20 anos,
estudante do 3º ano do Ensino Médio. Segundo revelou o aluno, policiais
militares ainda saíram na procura dos líderes do movimento.
"Estava sentada no chão quando um militar apontou a arma para o meu
joelho e atirou. O protesto era pacífico, mas houve uma intolerância e
despreparo dos policiais. Somos estudantes e estamos reivindicando um
direito que é nosso, não estávamos roubando ou matando. Foi uma ação
truculenta e covarde desses militares. Não aconteceu apenas uma
agressão. Foram várias", relatou a estudante secundarista Fábia Rejane,
de 18 anos de idade. Segundo ela, cerca de dez celulares foram
destruídos por PMs. "Quando os policiais percebiam que estavam sendo
filmados partiam para cima dos estudantes", completou.
Um dos detidos, Enzo Samuel, advogado do Diretório Central dos
Estudantes (DCE) da Unidade Federal do Piauí (Ufpi) também narrou a ação
dos militares. "Estava concedendo uma entrevista para uma emissora de
televisão quando fui colocado no camburão de uma viatura. Recebi socos
no rosto e um policial chegou a colocar pedras ao meu lado para
incriminar-me. Não quebramos ônibus algum", disse o advogado. Enzo
Samuel chegou a desmair dentro da viatura da PM.
Outro estudante detido, Mizael Oliveira - de 24 anos - afirmou que
foi agredido por quatro policiais da Rone. "Deram-me voz de prisão.
Deitei no chão e quando menos esperava recebi vários chutes no rosto. É
um abuso de autoridade. Tem pessoas que não merecem usar a farda da
Polícia Militar.", comentou.
O clima de tensão foi amenizado com a chegada do coronel Júlia Beatriz,
coordenadora de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar. Após conversa
com os estudantes e policiais militares, a tropa de choque da Rone foi
retirada do local e o processo de soltura dos detidos iniciado. Segundo
Júlia Beatriz, apenas cinco estudantes - diferentemente do número
fornecido pelos manifestantes - foram encaminhados a Central de
Flagrantes para autuação.
OUTRO LADO - Segundo os militares ouvidos pela
reportagem do PortalODIA.com, os estudantes desacataram ordens policiais
e por isso, foram presos. Ainda de acordo com a PM, "houve uma
tentativa de retirada dos estudantes da Avenida Frei Serafim de forma
pacífica". Porém, não foi obedecida. Um ônibus da empresa Transcol chegou a ser apedrejado.
A coronel Júlia Beatriz informou que a tropa de choque da Rone não é
preparada para lidar com esses tipos de situações. Segundo ela, em
manifestações a PM aciona a Coordenadora de Gerenciamento de Crise. "Não
sabemos de quem partiu a ordem para a tropa acompanhar o protesto. Isso
vai ser analisado", comentou. Questionada sobre os atos de agressão
cometidos contra os estudantes, a militar argumentou: "foram ações
pontuais que não correspondem toda a Polícia Militar".
Um novo protesto dos estudantes está marcado para para acontecer a
partir das 9h desta quarta-feira, dia 4. A concentração, segundo os
manifestantes, será na Praça do Fripisa, Centro de Teresina.
Fotos: Elias Fontinele/O DIA
Enzo Samuel, advogado do DCE/UFPI
Atualização às 14h30
As negociações com os manifestantes está sendo feita pela coronel
Júlia Beatriz, coordenadora de Gerenciamento de Crise da Polícia
Militar. Ela tenta convencer os jovens a liberar o trânsito na avenida.
A tropa de choque das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) está no local tentando amenizar o clima de tensão.
Os estudantes detidos durante a manifestação disseram que alguns
policiais desacataram a ordem da coronel Júlia Beatriz ao efetuar os
disparos.
Eles estão serão levados para a Central de Flagrantes.
Deolindo Moura, presidente da Legião dos Jovens
Por Cícero Portela/O Dia
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