terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Manifestantes Contra o aumento, entram em confronto com a Polícia Militar

O grupo composto por 70 estudantes fechou a Avenida Frei Serafim e o trânsito ficou lento

Pelo menos oito estudantes foram detidos e cerca de 20 ficaram feridos durante a manifestação contra o aumento, que aconteceu na Avenida Frei Serafim na tarde desta terça-feira, dia 3. De acordo com os manifestantes, outros oito foram atingidos por balas de borracha. Os manifestantes acusam a tropa de choque das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) de agredir estudantes e jogar spray de pimenta.

O confronto entre estudantes e Rone iniciou durante uma tentativa frustrada de negociação para o desbloqueio de uma das vias da Avenida Frei Serafim. "Estávamos conversando com um policial quando a tropa de choque chegou lançando spray de pimenta. Começaram os disparos de tiros de borracha e a correria começou", contou Weveton Acelino, de 20 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio. Segundo revelou o aluno, policiais militares ainda saíram na procura dos líderes do movimento.   

"Estava sentada no chão quando um militar apontou a arma para o meu joelho e atirou. O protesto era pacífico, mas houve uma intolerância e despreparo dos policiais. Somos estudantes e estamos reivindicando um direito que é nosso, não estávamos roubando ou matando. Foi uma ação truculenta e covarde desses militares. Não aconteceu apenas uma agressão. Foram várias", relatou a estudante secundarista Fábia Rejane, de 18 anos de idade. Segundo ela, cerca de dez celulares foram destruídos por PMs. "Quando os policiais percebiam que estavam sendo filmados partiam para cima dos estudantes", completou.

Um dos detidos, Enzo Samuel, advogado do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unidade Federal do Piauí (Ufpi) também narrou a ação dos militares. "Estava concedendo uma entrevista para uma emissora de televisão quando fui colocado no camburão de uma viatura. Recebi socos no rosto e um policial chegou a colocar pedras ao meu lado para incriminar-me. Não quebramos ônibus algum", disse o advogado. Enzo Samuel chegou a desmair dentro da viatura da PM.  

Outro estudante detido, Mizael Oliveira - de 24 anos - afirmou que foi agredido por quatro policiais da Rone. "Deram-me voz de prisão. Deitei no chão e quando menos esperava recebi vários chutes no rosto. É um abuso de autoridade. Tem pessoas que não merecem usar a farda da Polícia Militar.", comentou.


O clima de tensão foi amenizado com a chegada do coronel Júlia Beatriz, coordenadora de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar. Após conversa com os estudantes e policiais militares, a tropa de choque da Rone foi retirada do local e o processo de soltura dos detidos iniciado. Segundo Júlia Beatriz, apenas cinco estudantes - diferentemente do número fornecido pelos manifestantes - foram encaminhados a Central de Flagrantes para autuação.


OUTRO LADO - Segundo os militares ouvidos pela reportagem do PortalODIA.com, os estudantes desacataram ordens policiais e por isso, foram presos. Ainda de acordo com a PM, "houve uma tentativa de retirada dos estudantes da Avenida Frei Serafim de forma pacífica". Porém, não foi obedecida. Um ônibus da empresa Transcol chegou a ser apedrejado. 

A coronel Júlia Beatriz informou que a tropa de choque da Rone não é preparada para lidar com esses tipos de situações. Segundo ela, em manifestações a PM aciona a Coordenadora de Gerenciamento de Crise. "Não sabemos de quem partiu a ordem para a tropa acompanhar o protesto. Isso vai ser analisado", comentou. Questionada sobre os atos de agressão cometidos contra os estudantes, a militar argumentou: "foram ações pontuais que não correspondem toda a Polícia Militar".


Um novo protesto dos estudantes está marcado para para acontecer a partir das 9h desta quarta-feira, dia 4. A concentração, segundo os manifestantes, será na Praça do Fripisa, Centro de Teresina.

                 Fotos: Elias Fontinele/O DIA

                               Enzo Samuel, advogado do DCE/UFPI

                       Mizael Oliveira, um dos cinco estudantes presos



Atualização às 14h30
As negociações com os manifestantes está sendo feita pela coronel Júlia Beatriz, coordenadora de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar. Ela tenta convencer os jovens a liberar o trânsito na avenida.
A tropa de choque das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) está no local tentando amenizar o clima de tensão.
Os estudantes detidos durante a manifestação disseram que alguns policiais desacataram a ordem da coronel Júlia Beatriz ao efetuar os disparos.
Eles estão serão levados para a Central de Flagrantes.


                     Deolindo Moura, presidente da Legião dos Jovens



Por Cícero Portela/O Dia

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