terça-feira, 13 de março de 2012

Semana Cultural – Um diálogo antecipado na praça central

“Têm razão aqueles que dizem: Altos não é mesmo uma cidade para amadores.”


Dois sujeitos conversam na praça Cônego Honório, no centro de Altos. Um deles está muito animado. Diz:

“Este ano teremos semana cultural.”

O outro não acha nada interessante.

“Como assim?! Este ano teremos semana cultural?!”

“Isso mesmo. O prefeito vai fazer a semana cultural. Em julho. Ainda está longe, mas vai ter…”

“Semana cultural deveria ter todo ano. É um momento especial para a vida da comunidade. Principalmente para os jovens, que se ressentem de cultura e diversão. Fico triste apenas que seja um evento que aconteça apenas de quatro em quatro anos. Ou seja, somente em tempo de eleição.”

O primeiro parece ser adepto do prefeito.

“Mas claro que sim. Melhor assim do que de jeito nenhum. De outro lado, o prefeito precisa chamar atenção para sua administração. E é bom que isso aconteça num ano eleitoral. Como eu disse: melhor ter do que não.”

O outro fica espantando com o cinismo do seu interlocutor. E conclui:

“Têm razão aqueles que dizem: Altos não é mesmo uma cidade para amadores.”

E se retira mais do que rapidamente para evitar o atrito com o conhecido. Mais adiante se depara com outro colega. Afirma:

“Que coisa, rapaz, tive que sair de perto…”

“O que houve?”

“O cara ali, dizendo que o prefeito tem razão em fazer a semana cultural em ano político… mas é só pelo interesse em tentar cooptar eleitores, apenas isso e nada mais. Faz errado e ninguém reclama. E ainda tem quem apoie.”

O colega:

“Mas é claro. Para  que melhor?! Fazer e ninguém reclamar é coisa de todo político. Isso não acontece apenas em Altos, mas em qualquer lugar do Brasil.”

Para. Reflete. Rebate:

“É, pode até acontecer em todo lugar do país e do mundo, mas não podemos nos importar com todo lugar. Temos que nos importar com Altos e resolver os problemas daqui. Por causa desse tipo de mentalidade é que essa administração faz tudo errado e nada acontece. Nenhuma punição. Nada. E também a cidade não cresce, não se desenvolve. Temos que sair, meu caro, dessa mesmice. Lutar por uma cidade melhor. Fazer com que a prefeitura trabalhe pelo povo e para o povo e não apenas em torno dos interesses políticos do prefeito e seus seguidores.”

O outro:

“Entendido e anotado. Você tem razão. Mas essa é uma realidade que não pode ser modificada do dia para a noite.”

“Não pode mesmo. Mas precisa começar. E todo começo será possível apenas quando a maioria gostar do lugar em que vive. Precisamos de mais amor pela nossa cidade, pelo nosso espaço de vida e crescimento, pelas pessoas com quem convivemos.”

Os dois se abraçam e se despedem. Enquanto isso, alguns outros conhecidos iniciam um novo diálogo na praça Cônego Honório. Bem ali, em frente à Igreja Matriz de São José.

Por Toni Rodrigues

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