“Têm razão aqueles que dizem: Altos não é mesmo uma cidade para amadores.”
Dois sujeitos conversam na praça Cônego Honório, no centro de Altos. Um deles está muito animado. Diz:
“Este ano teremos semana cultural.”
O outro não acha nada interessante.
“Como assim?! Este ano teremos semana cultural?!”
“Isso mesmo. O prefeito vai fazer a semana cultural. Em julho. Ainda está longe, mas vai ter…”
“Semana cultural deveria ter todo ano. É
um momento especial para a vida da comunidade. Principalmente para os
jovens, que se ressentem de cultura e diversão. Fico triste apenas que
seja um evento que aconteça apenas de quatro em quatro anos. Ou seja,
somente em tempo de eleição.”
O primeiro parece ser adepto do prefeito.
“Mas claro que sim. Melhor assim do que
de jeito nenhum. De outro lado, o prefeito precisa chamar atenção para
sua administração. E é bom que isso aconteça num ano eleitoral. Como
eu disse: melhor ter do que não.”
O outro fica espantando com o cinismo do seu interlocutor. E conclui:
“Têm razão aqueles que dizem: Altos não é mesmo uma cidade para amadores.”
E se retira mais do que rapidamente para evitar o atrito com o conhecido. Mais adiante se depara com outro colega. Afirma:
“Que coisa, rapaz, tive que sair de perto…”
“O que houve?”
“O cara ali, dizendo que o prefeito tem
razão em fazer a semana cultural em ano político… mas é só pelo
interesse em tentar cooptar eleitores, apenas isso e nada mais. Faz
errado e ninguém reclama. E ainda tem quem apoie.”
O colega:
“Mas é claro. Para que melhor?! Fazer e
ninguém reclamar é coisa de todo político. Isso não acontece apenas em
Altos, mas em qualquer lugar do Brasil.”
Para. Reflete. Rebate:
“É, pode até acontecer em todo lugar do
país e do mundo, mas não podemos nos importar com todo lugar. Temos
que nos importar com Altos e resolver os problemas daqui. Por causa
desse tipo de mentalidade é que essa administração faz tudo errado e
nada acontece. Nenhuma punição. Nada. E também a cidade não cresce, não
se desenvolve. Temos que sair, meu caro, dessa mesmice. Lutar por uma
cidade melhor. Fazer com que a prefeitura trabalhe pelo povo e para o
povo e não apenas em torno dos interesses políticos do prefeito e seus
seguidores.”
O outro:
“Entendido e anotado. Você tem razão. Mas essa é uma realidade que não pode ser modificada do dia para a noite.”
“Não pode mesmo. Mas precisa começar. E
todo começo será possível apenas quando a maioria gostar do lugar em
que vive. Precisamos de mais amor pela nossa cidade, pelo nosso espaço
de vida e crescimento, pelas pessoas com quem convivemos.”
Os dois se abraçam e se despedem.
Enquanto isso, alguns outros conhecidos iniciam um novo diálogo na
praça Cônego Honório. Bem ali, em frente à Igreja Matriz de São José.
Por Toni Rodrigues
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